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HEMOEMREVISTA

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Uma publicação da ABHH

E N T R E V I S T a

FlorentinoCardoso

Em entrevista exclusiva para a

Hemo em revista

, o presidente da

AMB falou sobre esses e outros as-

suntos. Confira.

Qual o panorama atual do mercado de

trabalho da área médica no Brasil?

Preocupante, tanto no setor públi-

co quanto na saúde suplementar. O

Sistema Único de Saúde está caóti-

co, com raras ilhas de excelência. Na

grande maioria dos locais, a popula-

ção sofre com longas filas de espera

para consultas, exames e cirurgias.

As operadoras de saúde estão mal,

e com isso tudo sofremos todos: a

população que precisa de assistên-

cia à saúde e todos nós, médicos e

demais profissionais de saúde.

Quais foram as principais conquistas para a

categoria médica nos últimos anos?

A AMB tem sido uma importante

protagonista, junto com nossas fe-

deradas e sociedades de especialida-

des, na luta incessanteparaaboa for-

mação médica, tanto na graduação

quanto na pós-graduação. Atuamos

também na luta por melhores con-

dições de trabalho e por justa re-

muneração. Vivemos nos últimos

anos uma implacável persegui-

ção do governo federal, tentando

nos desqualificar. Conseguimos

mostrarque somos unidos e o

que buscamos é fazer o melhor

pela população.

Combatemos a maneira equi-

vocada com que foi implantado o

Mais Médicos

, sem sabermos a qua-

lificação dos profissionais admi-

tidos, pois o Governo não se inte-

ressa por qualidade, somente por

quantidade. Inadmissível não men-

surarmos conhecimentos, habilida-

des e atitudes dos que trabalhamno

Mais Médicos.

E depois o Governo

vem com o

Mais Especialistas

, mais

uma vez pensando em quantidade,

sem qualidade. Queria “dar título

de especialista” a quem não teria

qualificação e competência para

tal. Lutamos e conseguimos barrar

essa atrocidade.

Consolidamos a Classificação Bra-

sileira Hierarquizada de Procedi-

mentos Médicos (CBHPM) na saú-

de suplementar e participamos da

luta pela qualidade assistencial, in-

corporando o fator de qualidade da

ANS, tendo como base o título de

especialista. Lutamos no combate

à corrupção e, pela primeira vez de

forma organizada, tivemos grande

atuação política.

Uma das diretrizes da AMB é afirmar que há

necessidade de políticas de Estado, não de

partidos ou governos. Por quê?

Políticas de Estado são duradou-

ras e visam ao bem comum, coleti-

vo, e com foco no hoje e no futuro

daqui a cinco, 10 ou 20 anos.

Políticas de partido ou de umgover-

noenviesame focamo imediatismo.

É possível dizer que o mercado de trabalho

atual é justo para o médico? O que falta

para ser ideal?

Houve uma piora de forma preocu-

pante nomercado de trabalho para

o médico. Há uma necessidade de

valorização da qualidade, do mé-

rito, do resultado e do desfecho.

No Brasil, aproximadamente 80%

da população depende exclusiva-

mente do SUS. O sistema, além

de subfinanciado, tem má gestão

e escolhas do primeiro e segundo

escalão em muitos casos, forjadas

na politicagem e pensando em pe-

ríodos eleitorais.

Faltam investimentos do Estado em

estrutura e novas tecnologias?

Há subfinanciamento no setor pú-

blico, além da má gestão. Há tam-

bém defasagem na incorporação

de novas tecnologias, assim como

enormes dificuldades para se traba-

lhar alicerçados em fortes evidên-

cias científicas e avaliando desfe-

chos. Vamos perseguir e lutar pela

qualidade assistencial, com foco na

segurança dos nossos pacientes.

Qual sua opinião sobre a formação atual

dos médicos no Brasil? A educação na

saúde precisa melhorar?

Está piorando rapidamente, por

absoluta culpa do governo federal,

Opensar

e o agir coletivo

tambémse

sobrepõemao

individualismo.

Urgequetenhamos

entidades fortes.

Precisamos ter

omaior número

demédicos

naAMB

participando

das sociedadesde

especialidades

também