Atenção Básica - Vol.I

para apresentação das informações, discussão do caso e elaboração do PTS. Criou-se um instrumento para elaboração do PTS, com base no modelo de interação dos componentes CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), que se utiliza dos denominados componentes “Funcionalidade e Incapacidade” (Funções e Estruturas do Corpo; Atividades e Participação) e “Fatores Contextuais” (Fatores Ambientais e Fatores Pessoais). Funcionalidade e incapacidade são resultados da interação entre as condições de saúde da pessoa e seu ambiente. Após a observação destes componentes, realiza-se um levantamento de problemas e priorização para que a partir daí sejam definidas as ações, os seus responsáveis e os prazos para execução e reavaliação (OMS, 2003). A princípio, o instrumento do PTS foi apresentado em formato impresso, sendo identificada dificuldade de entendimento do processo de construção. Sendo assim, elaborou-se, em quadro branco, de modo visual a ser preenchido no decorrer das discussões, facilitando o entendimento, a participação e adesão do grupo. RESULTADOS A perspectiva interprofissional é bastante distinta da multiprofissional, uma vez que se relaciona com o trabalho em equipes constituídas por diferentes profissionais, sem a necessária interação entre os membros que, por vezes, apenas dividem o mesmo espaço, com limitada ou nenhuma interação; Na perspectiva interprofissional, as equipes compartilham objetivos, desenvolvem identidade e buscam o cuidado integral, levando em consideração o caráter complexo e dinâmico das necessidades de saúde de indivíduos e coletivos, considerados coprodutores dos atos em saúde (BARROS et al, 2018). Apesar das equipes de saúde da família serem formadas por profissionais de diversas áreas, ainda se percebe uma postura individualista diante das práticas colaborativas (FILHO et al., 2015), atitudes essas, apontadas por Peduzzi et al., (2013), como consequência de uma graduação acadêmica individual. Ao iniciar a prática do PTS, observou-se que apesar da discussão de caso, de modo interprofissional, as propostas de intervenção continuavam individualizadas, favorecendo os encaminhamentos entre profissionais. Propôs-se então, uma reflexão sobre a necessidade de se inserir consultas e exames a pacientes que poderiam ser orientados e acompanhados por um membro da equipe, através do aprendizado e compartilhamento de saberes de um profissional com o outro. Essa prática possibilitou a melhoria no fluxo de atenção e bem-estar dos usuários, tornando a consulta, ou visita domiciliar, efetiva na resolução de problemas, sem necessidade de retornos exaustivos, e à equipe que passou a se articular, de modo a atender um número maior de pacientes. CONSIDERAÇÕES FINAIS A prática do PTS mostrou-se eficiente na oferta do cuidado integral e centrado na pessoa, tendo como potencialidade a interprofissionalidade e a educação permanente, através do compartilhamento de experiências e saberes entre os envolvidos, favorecendo a longitudinalidade do cuidado. A prática colaborativa interprofissional contribui para a qualidade dos resultados na assistência, pois a presença de falhas na comunicação e na interação entre os profissionais pode desencadear problemas na atenção ao paciente e nos serviços de saúde. Estudos revelam evidências da EIP na qualidade dos resultados da atenção aos pacientes no tocante à adesão das equipes a novos protocolos clínicos, satisfação dos pacientes, incorporação de mudanças nos processos clínicos mediante a tomada de decisões compartilhadas, comportamento colaborativo e redução das taxas de erros clínicos (PEDUZZI, 2013). Referências Bibliográficas BARROS, Nelson Filice de; SPADACIO, Cristiane; COSTA, Marcelo Viana da. Trabalho interprofissional e as Práticas Integrativas e Complementares no contexto da Atenção Primária à ATENÇÃO BÁSICA 49

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