LEIA NESTA EDIÇÃO #06 / 2022 Congresso Brasileiro de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular volta ao formato presencial com expectativa de receber mais de 5 mil pessoas do Brasil e do mundo 100% HEMO PRESENCIAL Entrevista com a Dra. Cynthia Dunbar, hematologista do National Institutes of Health página 08 Confira um balanço das ações, programas e projetos desenvolvidos pela ABHH em 2022 página 12 Arena Hemo Talks, Sessões Científicas, Simpósios e Cafés: confira os destaques do congresso página 22 ABRE ASPAS ABHH EM AÇÃO GIRO PELO HEMO
DIAGNOSTIC DIVISION AVANÇANDO EM MEDICINA TRANSFUSIONAL PENSANDO ALÉM DA CAIXA Nosso portfólio de medicina transfusional foi elaborado para ajudar hemocentros e centros de transfusão a garantir segurança desde a doação até a transfusão. Para mais informações contate-nos: medicinatransfusional.latam@grifols.com www.diagnostic.grifols.com TRIAGEM Sistema Procleix Panther e Ensaios Procleix: Soluções Grifols para triagem de doadores por tecnologia NAT TIPAGEM Ampla escalabilidade com a Linha DG Gel e soluções automatizadas para tipagem sanguínea ©2022 Grifols, S.A. All rights reserved worldwide. BR-DX3-2200001
06 / 2022 A B H H e m R e v i s t a 3 índice carta ao leitor p.06 | diretoria p.07 | comitês p.18 | cobertura p.28 abre aspas p.08 giro pelo HEMO p.22 ABHH em ação p.12 Hematologista Cynthia Dunbar, pesquisadora do NIH e secretária do ASH Confira um resumo dos avanços e ações da ABHH em 2022 Confira os destaques da programação do congresso da ABHH INFORMES CORPORATIVOS DESSA EDIÇÃO Terapia CAR-T Cell Yescarta® recebe aprovação da ANVISA p.04 Webinar da Pfizer discutiu desafios da terapia gênica no Brasil p.20 Evidências científicas do eculizumabe no tratamento da HPN p.26 Nova terapia da Bayer para tratamento da hemofilia tipo A p.36 Calculadora de Risco – AGC avalia condição de pacientes geriátricos p.39 em perspectiva p.40 perfil p.32 Programa de Acreditação AABB/ABHH certificou mais de 20 serviços brasileiros Homenageada durante o HEMO 2022, conheça a trajetória da Profa. Dra. Sara Saad
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 4 Kite, o logotipo Kite, Yescarta® e GILEAD são marcas registradas da Gilead Sciences, Inc. ou de suas empresas relacionadas. Gilead e Kite anunciam que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou Yescarta® (axicabtageno ciloleucel) para tratamento de pacientes adultos com linfoma de grandes células B (LGCB), incluindo linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), linfoma primário domediastino de grandes células B, linfoma de células B de alto grau e LDGCB surgindo de linfoma folicular e linfoma folicular (LF) recidivado ou refratário após dois ou mais tratamentos1. Axicabtageno ciloleucel (Yescarta®) é um tipo de terapia celular na qual as células T de uma pessoa (um tipo de célula do sistema imunológico) são extraídas e geneticamente modificadas para reconhecerem alvos de células tumorais, neste caso, a presença do CD19 na superfície de células B do linfoma. Yescarta® provou induzir resposta completa (sem câncer detectável) em pacientes com LGCB e LF recidivado/ refratário, considerados formas difíceis de tratar de linfoma não-Hodgkin (LNH), particularmente na forma refratária. No Brasil, são estimados mais de 12 mil casos de linfoma não-Hodgkin anualmente2. LDGCB e LF são as formas mais comuns de LNH, representando cerca de 30% e 22% de todos os casos, respectivamente3. O prognóstico para ambos os tipos é ruim, sendo que pacientes com LDGCB que não respondem ao tratamento (refratários) ou inicialmente respondeme depois falham (recidivados) apresentam uma mediana de sobrevida global de apenas seis meses4. No caso de Linfoma Folicular, apenas 20% dos pacientes estão vivos em cinco anos após a segunda recidiva5. A aprovação regulatória utilizou como base os resultados de dois estudos, ZUMA-1 que avaliou o uso de Axicabtageno ciloleucel no tratamento de pacientes adultos comLGCB refratário ou recaído e ZUMA-5, que avaliou pacientes adultos comLF, que receberam pelo menos duas linhas anteriores de tratamento1. No estudo de braço único ZUMA-1, internacional, multicêntrico, de Fase 2, que avaliou pacientes comLGCB agressivo e refratário, 83% dos pacientes que receberam Axicabtageno ciloleucel em dose única responderam à terapia, com 58% atingindo uma resposta completa6. Uma análise de cinco anos Terapia CAR-TCell Yescarta® recebe aprovação regulatória para tratamento de Linfoma de Grandes Células B e Linfoma Folicular, recidivado ou refratário após dois ou mais tratamentos INFORME CORPORATIVO do estudo ZUMA-1 demonstrou que, entre todos os pacientes tratados comAxicabtageno ciloleucel, a taxa de sobrevida global (SG) foi de 43% dos pacientes que tiveram resposta completa (RC), a taxa de SG em cinco anos foi de 64% e o tempo médio de sobrevida ainda não havia sido alcançado. Considerando os pacientes tratados vivos em cinco anos, 92% não receberam tratamento adicional desde a infusão de Axicabtageno ciloleucel. A aprovação para LF baseia-se nos resultados do estudo aberto, multicêntrico, internacional, de fase 2, ZUMA-5, de braço único que avaliou pacientes com LF recidivado ou refratário que receberam pelo menos duas linhas anteriores de terapia, incluindo a combinação de umanticorpomonoclonal anti-CD20 e um agente alquilante. Entre os pacientes na análise de eficácia primária com 17,5 meses de acompanhamento desde a primeira resposta, a taxa de resposta geral (TRG) foi de 94% e a taxa de RC foi de 79%7. A Kite agora submeterá o novo tratamento à aprovação de preço junto à Câmara Brasileira de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A empresa possui uma das maiores redes de fabricação própria para terapia celular do mundo que envolve o desenvolvimento de processos, fabricação de vetores, ensaios clínicos até à comercialização de produtos. Vai continuar a aumentar a capacidade de rede de fabricação para atender à crescente demanda dos pacientes a fim de garantir a entrega segura da terapia com CAR-T Cell da Kite. A aprovação chega em resposta à uma necessidade médica não atendida de linfomas não-Hodgkin de difícil tratamento Referências 1. Yescarta® (axicabtagene ciloleucel) Bula Ao Profissional De Saúde. 2. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tipos de câncer, Linfoma não-Hodgkin. Last accessed07/09/2022. Available at: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/ cancer/tipos/linfoma-nao-hodgkin. 3. Leukemia & Lymphoma Society. NHL subtypes. Avai lable at : https://www.lls.org/lymphoma/non-hodgkin-lymphoma/diagnosis/nhl-subtypes. Accessed: 07/09/2022. 4. Crump M, et al. Outcomes in refractory diffuse large B-cell lymphoma: results from the international SCHOLAR-1 study. Blood. 2017 Oct. 130(16): 1800–1808. 5. Rivas-Delgado A, et al. Response duration and survival shorten after each relapse in patients with follicular lymphoma treated in the rituximab era. BJHaem (2019) 184 (5): 753-759 6. Locke et al The Lancet 2019 VOLUME 20, ISSUE 1, P31-42 7. Jacobson et al Lancet Oncol 2022; 23: 91–103
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 6 carta ao leitor Oi, pessoal. O ano de 2022, que já está terminando, foi muito especial na ABHH. Toda a Diretoria, bem como os Comitês Técnicos-Científicos, trabalhou arduamente para fortalecer as ações e projetos da nossa associação. O ponto de culminância de todo esse trabalho é o nosso HEMO 2022, que volta ao formato tradicional, 100% presencial, depois do longo período de restrições por conta da pandemia de Covid-19. Tendo como chair o Dr. Rodrigo Calado, vice-diretor científico, o HEMO 2022 foi preparado para ser o evento pelo qual todos nós ansiávamos. Com um número expressivo de convidados estrangeiros e uma grade de alto nível científico, certamente a retomada presencial entrará para nossa história por celebrar o reencontro esperado com colegas do Brasil e do mundo. Uma ocasião alegre, festiva e repleta de conhecimento para ficar na memória dos congressistas. Tomados pelo entusiasmo com o retorno de nosso principal evento, destacamos, nesta edição, os avanços da ABHH ao longo de 2022. Ressaltamos, entre várias ações, o lançamento do Programa de Equidade, um marco para a associação. Destacamos também os programas Um Só Sangue e de Apoio à Residência Médica, que foram fortalecidos, e o papel dos Comitês Técnicos-Científicos e sua relevante atuação, enfatizada nesta edição por um artigo escrito pelo Dr. Carmino Antônio de Souza, coordenador dos Comitês. Ainda sobre o HEMO 2022, nossa conferencista magna é a hematologista norte-americana Cynthia Dunbar, do NIH e secretária do ASH. Entrevistada desta edição, ela nos conta como surgiu seu interesse pela hematologia e detalha como é sua rotina dentro do NIH, entre outras assuntos. Nossa homenageada durante o congresso será a Dra. Sara Saad, professora titular da UNICAMP, que há 15 anos foi a primeira mulher a presidir o HEMO. Em um perfil especialmente produzido para nossa revista, a pesquisadora fala de sua satisfação em ser a homenageada e comenta o prazer que tem em formar alunos para o futuro da ciência brasileira. Esperamos que você desfrute deste HEMO 2022, carinhosamente preparado para nos reencontrarmos, sempre com o compromisso de trazer à tona os temas mais relevantes e atuais das áreas de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Que, ao rever amigos e colegas, você se emocione, ria e celebre a vida, a ciência e as conquistas junto com a ABHH. Hora de celebrar o reencontro Dr. Renato Sampaio Tavares e Dr. Jorge Vaz Pinto Neto Diretoria de Comunicação ISSN 2179-4855 ABHH em Revista é uma publicação semestral da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) distribuída gratuitamente para médicos. O conteúdo da publicação é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião da ABHH. JORNALISTA RESPONSÁVEL Roberto Souza (Mtb 11.408) EDITOR Madson de Moraes REPORTAGEM Danilo Gonçalves Jéssica Cunegundes Leila Vieira REVISÃO Celina Karam PROJETO EDITORIAL Madson de Moraes PROJETO GRÁFICO Leonardo Fial DESIGNERS Leonardo Fial Lucas Bellini Marcelo Cielo Rafael Bastos FOTO DE CAPA Montagem RS/Getty Images CONTATO COMERCIAL Caroline Frigene RS PRESS EDITORA Rua Cayowaá, 228 – Perdizes São Paulo – SP – 05018-000 (11) 3875-6296 rspress@rspress.com.br www.rspress.com.br ABHH Rua Dr. Diogo de Faria, 775, conj. 133 Vila Clementino São Paulo - SP (11) 2369-7767 / (11) 2338-6764 abhh@abhh.org.br www.abhh.org.br @abhhoficial
06 / 2022 A B H H e m R e v i s t a 7 DIRETORIA ABHH 2022-2023 Conheça os especialistas que integram a direção da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular Dante Mário Langhi Jr. Diretor Administrativo Rodrigo Calado Vice-Diretor Científico Alfredo Mendrone Júnior Diretor Financeiro Angelo Maiolino Vice-Presidente Dimas Tadeu Covas Diretor Científico Eduardo Magalhães Rego Diretor de Relações Institucionais Carlos Sérgio Chiattone Vice-Diretor de Relações Institucionais José Francisco Comenalli Marques Júnior Presidente Glaciano Nogueira Ribeiro Diretor de Defesa Profissional Celso Arrais Vice-Diretor de Defesa Profissional Carmino Antônio de Souza Coordenador de Comitês Roberto Passetto Falcão Diretor Científico Emérito Renato Sampaio Tavares Diretor de Comunicação Leny Nascimento da Motta Passos Vice-Diretora Financeiro Jorge Vaz Pinto Neto Vice-Diretor de Comunicação Silvia Maria Meira Magalhães Vice-Diretora Administrativa
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 8 Conferencista Magna do HEMO 2022 e secretária da American Society of Hematology (ASH), Cynthia Dunbar fala das pesquisas que lidera e de suas atividades no National Institutes of Health Por Madson de Moraes Ela é autora de mais de 230 artigos científicos e de revisão, primeira mulher a se tornar editora-chefe da revista Blood, chefe do Laboratório de Hematopoiese Molecular no Ramo de Hematologia do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (NHLBI), parte dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) desde 2000, ex-presidente da American Society for Cell and Gene Therapy (ASGTC) e, atualmente, secretária da American Society of Hematology (ASH). Direto do NIH para o HEMO 2022, a ABHH recebeu a hematologista norte-americana Cynthia Dunbar como conferencista magna. A pesquisa liderada pela cientista abrange desde estudos laboratoriais básicos até ensaios clínicos focados em hematopoiese, biologia de células natural killer, células-tronco hematopoiéticas e terapias com CAR-T Cell e a fisiopatologia e tratamento de síndromes de insuficiência da medula óssea congênita e adquirida. Em razão de sua trajetória, a Dra. Cynthia recebeu inúmeros prêmios por ensino, orientação e pesquisa como o NIH Clinical Center Distinguished Clinical Teacher Award, maior honraria concedida pelo NIH Clinical Fellows a um clínico sênior do NIH, clínico da equipe ou investigador clínico com experiência. Em 2020, a hematologista se tornou membro da National Academy of Medicine (NAM), que reconhece indivíduos que fizeram grandes contribuições para o avanço das ciências médicas, cuidados de saúde e saúde pública. Na entrevista a seguir, a Dra. Cynthia conta que já esteve no Brasil quando era criança, conta o momento em que foi atraída pela medicina e a hematologia, comenta as pesquisas que lidera dentro do NIH e fala do impacto positivo que sua presença trouxe para a Blood ao ter sido a primeira mulher editora-chefe. Confira! Liderança global Foto: Divulgação NIH abre aspas
06 / 2022 A B H H e m R e v i s t a 9 O que me atraiu para a hematologia foi a inigualável capacidade de conectar diretamente os avanços científicos em níveis muito básicos com avanços no tratamento de pacientes com doenças graves Quando você soube que queria fazer medicina? Sempre fui fascinada pela ciência, principalmente a biologia, primeiramente querendo ser veterinária. Quando criança e adolescente, tinha obsessão por cavalos e cachorros. Depois, inspirada pela [primatóloga britânica] Jane Goodall, E. O Wilson [biólogo norte-americano] e por minhas próprias experiências como guarda florestal/ naturalista do parque nacional, pensei em me tornar uma bióloga da vida selvagem. Não tive contato, até então, com remédios ou hospitais. Foi quando um amigo foi tratado para o linfoma de Hodgkin, infelizmente pouco antes da cura para esse tipo de câncer se tornar mais comum. Ele morreu pouco antes de eu entrar na universidade e minha exposição a seus médicos e enfermeiras, além do poder e toxicidade do tratamento do câncer, tiveram um grande impacto e me levaram à faculdade de medicina depois de receber meu diploma de graduação em história da ciência [pela Universidade de Harvard em 1980]. E quando surgiu o interesse pela hematologia? Fui atraída pela hematologia durante a faculdade e a residência por conta da relação muito próxima entre toda a fascinante ciência que descobri pela primeira vez em células sanguíneas e aplicações clínicas, particularmente na época, o transplante de medula óssea e a indução de hemoglobina F para tratamento de hemoglobinopatias. O que me atraiu para a hematologia foi a inigualável capacidade de conectar diretamente os avanços científicos, por exemplo, em biologia molecular, virologia, genômica e biologia celular, em níveis muito básicos com avanços no tratamento de pacientes com doenças graves. Também amo cores e padrões, então olhar para borrões de sangue e exames de medula óssea sempre me fascinou! De todas as pesquisas que você liderou, qual a mais orgulha? O desenvolvimento do modelo preditivo de macacos para hematopoiese e terapias gênicas; a demonstração de expansões clonais em células natural killer (NK), abrindo caminho para a compreensão da memória das células NK; e o desenvolvimento do primeiro novo tratamento para anemia aplástica em décadas. Quem são os mentores na medicina que a influenciaram? Meu mentor mais importante foi meu supervisor de pesquisa inicial e mentor no NIH, Dr. Arthur Nienhuis (hematologista norte-americano e líder mundial nas áreas de hematologia e terapia genética, falecido em 2021), quando cheguei como pós-doutoranda muito inexperiente e sem qualquer treinamento real prévio em pesquisa. Ele estava absolutamente comprometido em promover as carreiras de médicos-cientistas e sempre conectando a pesquisa laboratorial aos pacientes. Ele me deu muita responsabilidade e crédito de forma rápida. Sem sua confiança e generosidade, eu nunca teria me tornado a hematologista e cientista que sou hoje. Ele não se importava em ser questionado nem com minha abordagem apaixonada pela medicina e pela ciência. Como foi continuar realizando sua pesquisa com a pandemia de Covid-19? Em quase todo o primeiro ano da pandemia, o governo dos Estados Unidos encerrou quase todas as pesquisas no NIH, exceto as relacionadas à Covid-19. O hospital estava aberto, mas, como a maioria de nossos pacientes são imunocomprometidos e precisam voar de todo os Estados Unidos e do mundo, eles pararam de vir. Passamos para telemedicina e organizamos coletas de sangue e infusões em suas casas. Mas isso realmente retardou nossos esforços de pesquisa clínica, que só agora retornam à normalidade. Você pode nos contar um pouco sobre sua rotina no NIH? Ocupo vários cargos científicos e administrativos no NIH. Primeiro e consistindo em pelo menos 2/3 do meu esforço, dirijo meu próprio laboratório e grupo de pesquisa clínica com foco em hematopoiese/falha medular/terapias gênicas e biologia de células natural killer. Meu grupo de pesquisa direta consiste em cerca de 10 a 13 pessoas, incluindo cientistas sêniores e clínicos, gerentes de laboratório, pós-doutorandos, clinical fellows, estudantes de pós-graduação e pós-graduandos que trabalham no laboratório enquanto se candidatam a programas de MD ou doutorado. Além disso,
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 10 supervisiono a instalação de primatas não humanos do NIH, cuja equipe consiste em um veterinário e 5 técnicos de animais altamente qualificados. Dentro da minha divisão, também supervisiono o serviço clínico consultivo de hematologia para o NIH Clinical Center (o hospital e as clínicas ambulatoriais) e o programa de treinamento clínico em hematologia no NIH. Com todas essas atividades, sobra tempo para se dedicar à ASH? Como atual Secretária da American Society of Hematology, eu gasto uma quantidade significativa de esforço “depois do expediente” nos negócios da sociedade, planejando mais intensamente o programa e supervisionando todos os abstracts e cronogramas para a reunião anual da ASH. Tenho 25 anos de ASH, que acredito ser uma das sociedades médicas ou científicas profissionais mais bem administradas e impactantes do mundo. Por que a escolha do tema “Hematologia na era da terapia gênica e edição do genoma” para sua Magna Conference no HEMO 2022? Tentei criar um tópico que fosse de interesse geral, com muitos dados e conceitos novos para discutir, com base em alguns de meus próprios trabalhos, bem como de outros colegas do NIH e de todo o mundo. Este é o seu primeiro HEMO ou você já esteve em conferências anteriores? Será a minha primeira vez como adulta no Brasil ou mesmo na América do Sul. Quando criança, fiz várias viagens com minha família por causa do trabalho do meu pai como responsável pelas operações internacionais da empresa Singer Machine, inclusive no Brasil. Das memórias de infância, lembro-me de estar na praia do Rio de Janeiro e adorar a pipa que meu pai comprou para mim lá! Estou muito ansiosa para voltar ao Brasil, agora como adulta, para interagir com hematologistas, incluindo amigos e colegas anteriores, como o Dr. Rodrigo Calado e o Dr. Phillip Scheinberg, além de fazer novas conexões. Você foi a primeira mulher a ocupar o cargo de editora-chefe de “Blood”. Que impacto isso teve na sua carreira e para outros hematologistas? Servir primeiramente como editora-associada por 10 anos e depois como editora-chefe por cinco anos teve um impacto profundo emminha carreira como hematologista. Ganhei amplitude em todo o espectro da hematologia científica e clínica que sempre amei. Essa posição tambémme colocou em contato com centenas ou mesmo milhares de cientistas e hematologistas em todo o mundo, muitos talvez transitórios, mas muitas vezes se aprofundando com base em anos de trabalho conjunto para melhorar artigos e histórias de pesquisa. Sou uma ótima crítica e editora, principalmente do trabalho de outras pessoas! Também fiquei fascinada pela ética e a “sociologia” da publicação científica e a revisão por pares e acredito que meus esforços e escrita nessas áreas tiveram um impacto positivo na Blood e em outras publicações da ASH, bem como em geral. Quando comecei na Blood, menos de 10% dos editores/conselho editorial erammulheres e, agora, a proporção é de 50%! É ótimo ver o progresso. Que história você viveu com um paciente que ainda hoje a emociona? Ainda me lembro de um jovem com doença falciforme (DF) de quem cuidei como residente de medicina interna em Boston. Apresentava dolorosas úlceras nas pernas, insuficiência cardíaca por sobrecarga de ferro devido a transfusões e internações frequentes por crises de dor e outras complicações da DF. Ele ficou conhecido em Boston por um tempo porque um famoso colunista de jornal escreveu uma série de artigos sobre as experiências do paciente com DF. Sua história cativou grande parte da cidade e trouxe essa doença horrível à atenção de uma faixa mais ampla de pessoas. Isso era novo na cidade altamente segregada e racialmente tensa que Boston era no início dos anos 1980. Sua bravura e as poucas opções de tratamento para DF realmente inspiraram meu interesse em me tornar um médico pesquisador de hematologia e me levaram à decisão de vir ao NIH trabalhar no laboratório do Dr. Art Nienhuis supostamente sobre DF, que nunca realmente funcionou, sendo desviada permanentemente e cedo para o estudo da biologia de células-tronco e hematopoiese. Qual conselho você dá para hematologistas em início de carreira? Seja você mesmo, esteja sempre aberto a oportunidades inesperadas (ou seja, não se atenha rigidamente a cronogramas e planos de carreira), seja generoso com colaboradores e estagiários e aprenda a escrever! Quando comecei na Blood, menos de 10% dos editores/conselho editorial eram mulheres e, agora, a proporção é de 50%! abre aspas
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 12 AVANÇOS EM 2022 ABHH em ação
06 / 2022 A B H H e m R e v i s t a 13 Ampla atuação na área de avaliação de tecnologias em saúde, aumento no número de associados, lançamento do Programa de Equidade, educação científica nas mídias digitais e fortalecimento das ações nos programas para ligas e residência: confira um resumo das ações da ABHH neste ano Por Leila Vieira A ABHH chega ao fim de 2022 ainda mais forte em seu objetivo de promover, orientar e defender políticas e medidas que determinem a ética, o reconhecimento, a dignidade e a valorização das áreas de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Mesmo dentro das limitações impostas pela pandemia e nesse retorno à quase normalidade, as atividades promovidas pela associação se multiplicaram ainda mais com novos desafios, tendências e adaptações às mudanças. “Acompanhar esses novos tempos é estimulante e gera objetivos e desafios que a ABHH não se esquiva de contemplar”, destaca o presidente da entidade, Dr. José Francisco Comenalli Marques Júnior. Segundo o presidente, ao longo deste ano a ABHH produziu muito conteúdo, tanto científico quanto cultural e social. Foram levantadas questões importantes de condução da saúde brasileira, sempre com espaço para opinar, tendenciar, investir e acompanhar ações que preencham o seu escopo de atuação, em favor dos associados, dos pacientes e da sociedade em geral. “Criamos podcasts, reportagens, webinars, reuniões, ações junto a órgãos governamentais, ou seja, iniciativas que interessam, e muito, aos nossos associados”, afirma. Um dos principais avanços da entidade neste ano, enfatiza a gerente-geral, Aline Pimenta Achê, foi a atuação da ABHH na área de avaliação de tecnologias em saúde. “Temos como princípio fornecer para os tomadores de decisão uma análise imparcial, baseada na melhor evidência científica disponível acerca das tecnologias de saúde que são utilizadas na prática clínica, com um entendimento das implicações econômicas, ambientais, sociais, políticas e legais para a sociedade, instituições e pacientes. O aumento do quadro associativo também mostra a força da ABHH no cenário representativo da especialidade”, assinala. A ABHH encerra o ano com 5.032 associados, entre médicos, profissionais de saúde, instituições, residentes e estudantes (confira alguns números da ABHH neste ano nas próximas páginas). Em 2023, o foco da entidade será, além de continuar com seus projetos em andamento, buscar uma integração cada vez maior com outras sociedades médicas, órgãos governamentais e associações de pacientes. “Temos o desafio de levar, aos mais longínquos rincões do nosso país, o acesso às inovações e aos tratamentos de qualidade em hematologia e hemoterapia, o que denominamos com o neologismo ‘Geoequidade’. De alguma maneira, a ABHH deve se fazer presente onde o paciente está. Não mediremos esforços para alcançarmos tais objetivos”, assegura o presidente da ABHH. Foto: Montagem RS / Getty Images / Divulgação ABHH
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 14 Considerado um marco para a associação, o lançamento do Programa de Equidade ABHH é destaque nas ações promovidas e iniciadas em 2022. “Para nós, equidade é a garantia de alcance da igualdade ao se levar em consideração as necessidades específicas de cada um com nosso propósito de tornar igualitário todo tratamento, cuidado, respeito, dedicação, oportunidade e atenção para qualquer cidadão, independentemente de quem for ou onde estiver”, explica a gerente- -geral da ABHH, Aline Pimenta Achê. AABHH tem fomentado parcerias com entidades de pacientes, ONGS, órgãos governamentais e outras sociedades organizadas com o objetivo de orientar e conscientizar sobre doenças, direitos, cuidados e acesso aos tratamentos no seu local de domicílio. As repercussões sobre o programa têm sido positivas. “Já tem dado resultados surpreendentes, tanto na abordagem social quanto na científica e junto à indústria. O programa Equidade é uma bandeira importante dessa e das futuras gestões”, afirma o Dr. José Francisco Comenalli Marques Júnior, presidente da ABHH. O protagonismo da ABHH no universo digital se ampliou coma criação de novos canais, como oHEMOPLAYPodcast (com mais de 5 mil visualizações e 30 episódios já gravados) e o Hemo em Família, criado para tirar dúvidas dos pacientes e de seus familiares que convivem com as doenças hematológicas. Na oferta de educação científica para seus associados, a ABHH promoveu este ano mais de 20 webinars e a HEMOTECA, portal que conta com mais de 1.300 aulas emmais de 15 áreas, foi bastante acessada, além dos cursos disponíveis e gratuitos na plataforma HEMO.educa. Nas mídias sociais, como Facebook, Instagram, LinkedIn e YouTube, a ABHH soma cerca de 35 mil seguidores. Em 2022, os Comitês Técnicos-Científicos da ABHH tiveram uma atuação robusta, com demandas educacionais, produção de conteúdo para consultas públicas, protocolos e outros posicionamentos importantes. “Estamos reestruturando nossos Comitês, por meio da atualização e aprimoramento do Regimento Interno dos Comitês da ABHH, algo que está em fase final de elaboração para que regras e compromissos os tornem ainda mais eficientes e produtivos. “Os comitês são instâncias fundamentais dentro do escopo de atuação da ABHH”, enfatiza o Dr. Marques. Confira na paginá 18 desta edição um artigo especial do Dr. Carmino de Souza, diretor dos Comitês Técnicos-Científicos da ABHH, sobre a relevância dos Comitês e a importância do engajamento dos associados em suas atividades. LANÇAMENTO DO PROGRAMA EQUIDADE PROTAGONISMO NO DIGITAL AÇÃO ROBUSTA DOS COMITÊS ABHH em ação
06 / 2022 A B H H e m R e v i s t a 15 NÚMEROS GERAIS DA ABHH 5.032 associados 2.774 são médicos e 807 outros profissionais de saúde 202 instituições de saúde são associadas à ABHH 379 residentes e 870 estudantes são sócios 85 ligas acadêmicas associadas 52 instituições cadastradas no Programa de Apoio à Residência Médica 30 Diretrizes e 11 artigos de consenso publicados Mais de 20 instituições acreditadas Mais de 1.300 aulas e cursos disponíveis na HEMOTECA e HEMO.educa Mais de 5 mil acessos e 30 episódios gravados no HEMO PLAY Podcast Cerca de 35 mil seguidores nas mídias sociais Com a realização de mais de 10 coletas externas de doação de sangue em parceria com os serviços de hemoterapia, a ABHH segue cumprindo seu papel para ajudar no desabastecimento de sangue do país. Para comemorar o sucesso do programa, a associação realizou em junho deste ano a primeira corrida e caminhada em prol da doação de sangue em comemoração à conscientização da doação. Mais de 600 pessoas participaram da ação. JánoprogramaSangueJovem,de incentivoeapoio às ligas acadêmicas - que hoje conta commais de 800 estudantes e 80 ligas acadêmicas associadas -, a ABHH firmou parceria inédita com a incubadora de startup Supera, que realizará no HEMO 2022 uma oficina sobre inovação e empreendedorismo. Além disso, um canal no Telegram foi criado para estimular discussões de casos clínicos elaborados por experts da ABHH. PROGRAMAS UMSÓ SANGUE E SANGUE JOVEM
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 16 ALGUMAS NOVIDADES DA ABHH PARA 2023 Em 2020, o programa trabalhou de forma hibrida e, em 2021, o programa voltou a ter auditorias presenciais, sendo que mais de 20 instituições já foram acreditadas até o momento. “Mantendo a premissa de aperfeiçoar a qualidade e a segurança dos bancos de sangue, dos serviços de transfusão e terapia celular brasileiros, nossa abordagem incentiva a melhoria contínua e é uma marca de alta confiabilidade que mostra aos doadores, pacientes, funcionários, gestores e agentes reguladores que a organização está comprometida em otimizar seus padrões de atendimento, gerenciando riscos e qualidade”, detalha a gerente-geral, Aline Pimenta Achê. Leia na página 38 um resumo da atuação da ABHH em serviços pelo país. A ABHH fortaleceu o debate sobre o CAR-T Cell no Brasil ao longo do ano por meio do diálogo, promoção e participação de experts no assunto em eventos como o 3° TACG e na grade científica do HEMO 2022, além de fomentar o debate emwebinars e no HEMO PLAY Podcast. AABHH ofereceu ainda uma edição histórica da ABHH em Revista sobre o assunto. “O CAR-T Cell é uma tendência sem volta, que remete a vários desafios, tanto pela sua complexidade tecnológica quanto pelo alto custo envolvido. É da responsabilidade da ABHH a instituição de políticas de acesso e governança dessa nova era da hematologia e hemoterapia ao estimular, apoiar e incentivar o debate sobre o assunto para maior eficiência clínica com o menor custo possível”, ressalta o Dr. Marques. PROGRAMADE ACREDITAÇÃOAABB/ABHH CAR-T COMOASSUNTO DOANO A Hematology, Transfusion and Cell Therapy (HTCT), revista científica da ABHH, receberá seu primeiro fator de impacto. Lançamento do novo portal da ABHH mais interativo, prático e dinâmico para os associados e disponível em português e inglês. Lançamento de um curso BOOTCAMP para as ligas acadêmicas para capacitar os estudantes em dinâmicas imersivas e muito produtivas, em temas como empreendedorismo, liderança e inovação. ABHH em ação
NO TRATAMENTO DO LINFOMA DE HODGKIN E CÂNCER DE TESTÍCULO.1 Indicado em primeira linha de tratamento para:1,3,4 *Em combinação com outros agentes quimioterápicos. • Doença de Hodgkin* • Carcinoma de testículo* É bom contar com quem é referência.2 Referências Bibliográficas: 1. Bula do produto BONAR. Farmacêutica Responsável: Gabriela Mallmann. Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A. 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Lista A de medicamentos de referência. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/setorregulado/ regularizacao/medicamentos/medicamentos-de-referencia/arquivos/lista-a-incluidos-26-11-2021.pdf>. Acesso em: dezembro/2021. 3. Ministério da Saúde. Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Linfoma de Hodgkin - Março/2020. Disponível em: <http://conitec.gov.br/ images/Consultas/Relatorios/2020/DDT_ Linforma_de_Hodgkin_CP_11_2020.pdf>. Acesso em: dezembro/2021. 4. INCA. Câncer de testículo. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-testiculo/profissional-de-saude>. Acesso em: dezembro/2021. 5. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Consulta: Certificado de Boas Práticas de Fabricação - Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A. Disponível em: <https://consultas.anvisa.gov.br/#/certificados/c/?cnpjSolicitante=60659463000191&tipoCertificado= 1&nacional=true>. Acesso em: dezembro/2021. Bonar. sulfato de bleomicina. USO INTRAMUSCULAR, INTRAVENOSO, INTRAPLEURAL OU SUBCUTÂNEO. Pó Liofilizado para solução injetável. 15 U. Uso adulto e pediátrico. Indicações: Tratamento paliativo de carcinomas e linfomas como agente único ou em associação a outros quimioterápicos. Como agente único ou em combinação com outros agentes quimioterápicos, no tratamento das seguintes neoplasias: Carcinoma de células escamosas: de cabeça e pescoço (incluindo boca, língua, amígdalas, nasofaringe, orofaringe, seios nasais e paranasais, palato, lábios, mucosa bucal, gengiva, epiglote, pele e laringe), pênis, cérvice uterina e vulva. Linfomas: doença de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin. Carcinoma de testículo: células embrionárias, coriocarcinoma e teratocarcinoma. Derrame pleural maligno: Quando administrado por injeção intrapleural, mostra-se útil no tratamento do derrame pleural maligno, como agente esclerosante e na prevenção de derrames pleurais recorrentes. Contraindicações: Este medicamento é contraindicado em pacientes que demonstraram hipersensibilidade ou reação idiossincrática ao medicamento. Cuidados e advertências: Deve ser administrado sob supervisão de um profissional médico qualificado, com experiência no uso de agentes quimioterápicos para câncer. Os pacientes devem ser observados cuidadosa e frequentemente durante e após a terapia. Deve ser usado com extremo cuidado em pacientes com insuficiência renal significativa ou com função pulmonar comprometida. As toxicidades pulmonares ocorrem em 10% dos pacientes tratados, destes, aproximadamente 1%, a pneumonite não específica induzida evolui para fibrose pulmonar e óbito. A toxicidade pulmonar é imprevisível e o comprometimento renal é um fator de risco para sua ocorrência. A monitoração frequente é essencial. As alterações mais comuns dos testes da função pulmonar são a diminuição do volume pulmonar total e diminuição da capacidade vital. Pacientes em tratamento apresentam maior risco de desenvolver toxicidade pulmonar quando o oxigênio é administrado na intervenção cirúrgica. As medidas sugeridas como preventivas são as seguintes: Manter a FiO2 em concentrações próximas ao ar ambiente (25%), durante a cirurgia e no período pós-operatório. Monitorar cuidadosamente a infusão de fluídos, concentrando-se mais na administração de coloides do que na de cristaloides. O aparecimento repentino de uma síndrome de dor torácica aguda, sugerindo uma pleuropericardite, foi raramente relatado durante as infusões de Bonar. Embora cada paciente deva ser avaliado individualmente, ciclos adicionais deste medicamento não parecem ser contraindicados. Reações idiossincrásicas semelhantes à anafilaxia têm sido relatadas em cerca de 1% dos pacientes portadores de linfomas tratados com Bonar. Como estas reações ocorrem normalmente após a primeira ou segunda dose, é necessária uma monitoração cuidadosa após estas doses. As toxicidades renais e hepáticas são raras mas podem ocorrer em qualquer momento após o início do tratamento. O potencial carcinogênico da bleomicina em humanos não é conhecido. Dado o seu mecanismo de ação, deve ser considerado como um possível carcinógeno em humanos. A bleomicina demonstra ser mutagênica nos testes in vitro e in vivo. A bleomicina é teratogênica em ratos e camundongos que receberam a droga durante a organogênese. Os efeitos de Bonar sobre a fertilidade não foram estabelecidos. Gravidez: Categoria de risco: D. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Informe imediatamente ao seu médico em caso de suspeita de gravidez. Lactação: Deve-se ponderar entre descontinuar a amamentação ou o tratamento, levando-se em consideração a importância da droga para a mãe. Interações medicamentosas: Fenitoína, aminofilina, ácido ascórbico, carbenicilina, cefazolina, cefalotina, hidrocortisona succinato sódico, metotrexato sódico, penicilina G sódica, terbutalina, compostos contendo grupo sulfidrila, soluções contendo aminoácidos. Reações adversas: Muito comuns: Edema e eritema em mãos e pés, Fenômeno de Raynaud (monoterapia ou em combinação com vimblastina com ou sem a associação com a cisplatina), hiperqueratose nas mãos e unhas, hiperpigmentação da pele, prurido, alopecia, vesículas, rash cutâneo, eritema, danos às unhas, flacidez da pele, flebite. Reações comuns: reações idiossincráticas (1%) - reações semelhantes a anafilaxia: hipotensão, confusão mental, febre, calafrios, pneumonite (10%) e fibrose pulmonar (1%). Reações adversas pulmonares são raramente relatadas após administração intrapleural de Bonar. Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos a Medicamentos - VIGIMED, disponível em http://portal.anvisa.gov.br/vigimed, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal. Posologia: Os pacientes portadores de linfoma devem ser tratados com 2 unidades ou menos nas duas primeiras doses. Se não ocorrerem reações agudas, seguir o esquema normal de dosagem. Carcinoma de células escamosas e carcinoma de testículo: 0,25 a 0,50 unidades/kg (10 a 20 unidades/m2), administradas por vias intravenosa, intramuscular ou subcutânea, uma ou duas vezes por semana. Linfoma não-Hodgkin: 0,25 a 0,50 unidades/kg (10 a 20 unidades/m2), administradas por vias intravenosa, intramuscular ou subcutânea, uma ou duas vezes por semana. Doença de Hodgkin: 0,25 a 0,50 unidades/kg (10 a 20 unidades/m2), administradas por vias intravenosa, intramuscular ou subcutânea, uma ou duas vezes por semana. As duas doses iniciais devem ser 2 unidades ou menos devido a possibilidade de reação anafilactoide. Após a obtenção de 50% de resposta, administrar uma dose de manutenção de 1 unidade diária ou 5 unidades por semana via I.V. ou I.M. A toxicidade pulmonar do Bonar parece estar relacionada com a dose e o aumento é acentuado quando a dose total for superior a 400 unidades. Doses totais acima de 400 unidades devem ser administradas com muito cuidado. Quando for usado em combinação com outros agentes antineoplásicos, as toxicidades pulmonares podem ocorrer com doses mais baixas. A melhora da doença de Hodgkin e dos tumores de testículo é observada em duas semanas. Caso não se observe melhora nesse intervalo de tempo, provavelmente isto não ocorrerá. Os carcinomas de células escamosas respondem mais lentamente, necessitando-se às vezes, três semanas até que se observe algum sinal de resposta. Derrame pleural maligno: 60 unidades administradas em dose única por injeção intrapleural. Dosagem em pacientes com insuficiência renal: A toxicidade associada à bleomicina pode ser mais frequente em pacientes com função renal comprometida, sugerindo-se a modificação de dose. Reduções de dosagem da ordem de 40-75% têm sido recomendadas para pacientes com valores de clearance de creatinina <50 mL/min. Não é necessário ajuste de dose em pacientes em hemodiálise. Em casos de déficit da função renal, a dose deve ser recalculada de acordo com as percentagens, baseadas no clearance de creatinina (ClCr) (vide bula versão profissional de saúde). Administração: Pode ser administrado por vias intramuscular, intravenosa, subcutânea ou intrapleural. Observar a existência de partículas e descoloração da solução antes da administração do medicamento. Intramuscular ou subcutânea: Dissolver o conteúdo de um frasco-ampola de Bonar 15 unidades em 1 a 5 mL de água para injetáveis, solução fisiológica ou água bacteriostática para injeção. Se a injeção intramuscular for dolorosa, pode ser ministrada em solução de 1% de lidocaína. Intravenosa: Dissolver o conteúdo de 1 frasco-ampola de 15 unidades em 5 mL de solução fisiológica e administrar lentamente em um período de 10 minutos. Intrapleural: Dissolver 60 unidades de Bonar em 50-100 ml de solução fisiológica e administrar através de um tubo de toracostomia, após drenagem do excesso do fluído pleural e confirmação da expansão pulmonar completa. O tubo de toracostomia é, então, grampeado. O paciente é movido da posição supina para as posições laterais direita e esquerda diversas vezes durante as 4 horas seguintes. O grampo é removido e a sucção, restabelecida. O período em que o tubo de toracostomia deve permanecer instalado após a esclerose é estabelecido conforme a situação clínica. A injeção intrapleural de anestésicos tópicos ou a analgesia narcótica sistêmica não é normalmente necessária. Para minimizar o risco de exposição dermatológica, sempre utilizar luvas para manipular Bonar. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. USO RESTRITO A HOSPITAIS. MS – 1.0573.0676. Código EDG. “Material técnico científico de distribuição exclusiva a profissionais de saúde habilitados à prescrição e/ou dispensação de medicamentos. ” “Para informações completas, consultar a bula/folheto na íntegra através da Central de Atendimento ao Cliente no site www.ache.com.br ou pelo telefone: 0800 701 69 00.” MB 01 - SAP 4286100. A MINIBULA CONSTA NO FIM DESTE MATERIAL. MATERIAL TÉCNICO-CIENTÍFICO EXCLUSIVO À CLASSE MÉDICA. Em atendimento às diretrizes da Resolução-RDC 96, de 17/12/2008, por favor, não divulgar o material recebido. Abril/2022
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 18 O constante desenvolvimento científico dos últimos anos exigiu que a ABHH, além de suas obrigações institucionais, gerenciais, jurídicas, representativas e corporativas, estabelecesse um modus operandi para organizar e harmonizar todas as ações no campo científico, educacional e regulatório. Tendo em vista essa enorme responsabilidade e dimensão de nosso trabalho, foram criados os Comitês Técnicos-Científicos para que, de maneira contínua e proativa, auxiliassem a Diretoria Executiva, o Conselho Deliberativo e todo o staff de apoio às finalidades da ABHH em suas demandas e seus projetos. Contamos com 24 Comitês que envolvem centenas de colegas que dão suporte, contínua e simultaneamente, ao trabalho da ABHH. A maioria é de caráter científico, mas alguns são fundamentais para as políticas públicas e de educação em todos os níveis de propostas defendidas pela entidade como os Comitês de “acesso a medicamentos, incorporações de tecnologias e desabastecimentos”, “ética e legislação”, “pesquisa clínica” e o suporte aos “programas de residência médica”. Por outro lado, estimulando o multiprofissionalismo, temos os Comitês de odontologia e do grupo de citometria de fluxo. Já o Comitê de transplante de medula óssea e terapia celular, à parte seu trabalho mais tradicional, teve um grande impulso nos últimos anos com seu protagonismo técnico, científico, estruturante, de formação de profissionais e de grupos de interesse científico para esse enorme desafio assistencial e regulatório da introdução da terapia com as Car-T Cell em nosso país. Todas as áreas do conhecimento na Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular estão representadas em algum Comitê e todo o trabalho é equalizado e desenvolvido sincronicamente para que as prioridades nas várias áreas sejam acolhidas e desenvolvidas organizadamente e com a melhor estratégia de sucesso. AÇÕES DE SUCESSO Os Comitês têm sido fundamentais para o sucesso de ações da ABHH. Poderia citar, como exemplo, o Comitê de Acesso e outros 12 Comitês que tiveram uma contribuição decisiva no aconselhamento e endosso dos registros de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), nas submissões à Comissão de Incorporação de Tecnologias do SUS (CONITEC) e na Agência Nacional de Saúde (ANS). Um programa de absoluta prioridade para a ABHH é o “Equidade e Essencialidade” em que 16 Comitês foram importantes ao sinalizar as importantes necessidades e direções a serem seguidas aos diretores e conselheiros destes órgãos. Feito em um curto espaço de tempo, esse foi um trabalho belíssimo que fortaleceu a bandeira da equidade, que veio para ficar em apoio a nossos pacientes. No campo do ensino de extensão, os Comitês participam ativamente no sucesso do HEMO com indicações, sugestões de nomes e temas. Isso garante o extraordinário sucesso de nosso congresso anual, apoio que continuou mesmo durante o período de pandemia que nos afastou, mas não impediu que estivéssemos juntos e avançando em nosso conhecimento e prática. Os Comitês têm sido fundamentais na elaboração e na aplicação da prova de título de especialista emHematologia, Hemoterapia e Terapia Celular da Associação Médica Brasileira (AMB) e das provas de proficiência em várias áreas técnicas de nossa especialidade. Isso é fundamental para ampliar nosso quadro associativo e garantir a perenidade e a qualidade científica da ABHH. No entanto, nossos eventos vão além de nosso HEMO. Muitos encontros, simpósios, workshops são organizados como a Conferência Brasileira em Ações no campo científico, educacional e regulatório c o m i t ê s
06 / 2022 A B H H e m R e v i s t a 19 Linfomas, o encontro em leucemia linfocítica crônica, hematologia pediátrica, anemias, terapias avançadas e genes, dentre muitas outras atividades. DINAMISMO Destaco o trabalho dos Comitês junto às ligas acadêmicas, que atraem jovens estudantes para nossa especialidade e o programa “Sangue Jovem”, que apoia o trabalho de mobilização e motivação da sociedade para a importância da doação de sangue e ainda componentes. Durante a pandemia, as ações remotas da ABHH cresceram com apoio dos Comitês, que deram suporte e conteúdo. Foi assim nos webinars, que foram e têm sido feitos para trazer discussões e temas de relevância em nossa especialidade. Outra atividade de sucesso em que os Comitês trabalharam em sua criação, inserção de conteúdos e estruturação e que são periodicamente atualizados em nossa plataforma HEMO.educa. Ressalto também o trabalho dos Comitês para o desenvolvimento e manutenção dos registros, ferramentas fundamentais para o conhecimento de nossa realidade e desenvolvimento de pesquisas nacionais ou em cooperação internacional. A partir deles, muitas informações estratégicas e científicas são obtidas. E, finalmente, a ABHH criou a série “Hemo em família”, dentro da programação do HEMO Play Podcast cujo conteúdo, de responsabilidades dos Comitês, busca apoiar pacientes e famílias. São inegáveis a importância e o papel nuclear dos Comitês no dia a dia da ABHH. É um processo dinâmico, que seguirá sempre em evolução. Agradeço a todos que contribuem ativa e competentemente no processo. A força da ABHH depende muito dessa contribuição. Um grande abraço! Dr. Carmino Antônio de Souza é coordenador dos Comitês Técnicos-Científicos da ABHH e professor titular da Universidade de Campinas (UNICAMP) No campo do ensino de extensão, os Comitês participam ativamente no sucesso do HEMO com indicações, sugestões de nomes e temas. Isso garante o extraordinário sucesso de nosso congresso anual Foto: Getty Images
A B H H e m R e v i s t a 06 / 2022 20 Pesquisada há décadas por cientistas em todo o mundo, a terapia gênica é hoje uma tecnologia com potencial para tratar um espectro amplo de doenças genéticas. A técnica consiste na introdução, substituição ou inativação de um gene no DNA das células de um paciente, alterando o curso natural da doença. Mas, hoje, torná-la acessível aos pacientes representa um desafio para sistemas de saúde no mundo, que precisam estruturar políticas públicas que levem em consideração questões regulatórias e financeiras. Para estimular um debate sobre as relevantes questões acima, a MIT Technology Review Brasil promoveu, em 4 de julho, com patrocínio da Pfizer, o webinar “Terapia gênica: políticas públicas, desafios e oportunidades para ampliação do acesso no Brasil”. O evento teve a participação de Denizar Vianna, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde; do gerente de Sangue, Células, Tecidos e Órgãos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), João Batista da Silva Júnior; da hematologista e diretora da Divisão de Hematologia da Universidade de Campinas (UNICAMP), Dra. Margareth Ozelo. O bate-papo foi mediado pela diretora executiva de Saúde da MIT Technology Review Brasil, Roberta Arinelli, e pela editora de Saúde da MIT, Manoela Albuquerque. Desafios e oportunidades Em sua participação, a Dra. Margareth Ozelo explicou como funciona a terapia gênica, cujo objetivo é mudar as perspectivas no tratamento de certas doenças. De maneira geral, o tratamento introduz genes saudáveis no organismo do paciente com o objetivo de substituir, modificar ou suplementar genes inativos ou disfuncionais que ocasionem algum problema de saúde. A geneticista explicou que há duas técnicas para o material genético ser introduzido nas células do paciente. Quando as células são isoladas, modificadas em laboratório e retornadas ao corpo do paciente, a técnica utilizada é a ex vivo. Já quando os genes são introduzidos diretamente nas células por meio de um vetor, normalmente um vetor viral, se denomina técnica in vivo. Com isso, o indivíduo passa a produzir seu próprio “medicamento” ou alterar uma célula com capacidade ou função mais específica sobre determinada doença. Além de detalhar mais o funcionamento, os principais conceitos e as diferenças entre os tipos de procedimentos da terapia gênica, a hematologista citou a preocupação com a segurança desses procedimentos. “Existem algumas questões de segurança que são muito importantes para serem seguidas. É preciso ter como célula-alvo as células Terapia gênica no Brasil Webinar patrocinado pela Pfizer reuniu especialistas para discutir os desafios e a ampliação do acesso de pacientes no Brasil às terapias gênicas INFORME CORPORATIVO
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